*Airton do Santos

Nos noticiários econômicos dos jornais, rádios e Tvs, fala-se muito no déficit público, aliás, quase só se fala disso: “o governo precisa ter déficit zero”. Não se escuta muita conversa sobre inflação, desemprego, crescimento da economia e dívida externa, como estávamos acostumados a ouvir tempos atrás. Por quê? Vamos ver …

  • A inflação está baixa e não dá sinais de que venha a aumentar nos próximos meses. Por exemplo, a cesta-básica de alimentos está mais barata em julho do que estava em junho. Em São Paulo, ela custava R$ 832,69 em junho, caiu para R$ 809,77 em julho. A queda da inflação, principalmente dos alimentos, é um fato importante e positivo, principalmente para os assalariados e aposentados.
  • O desemprego diminuiu de forma expressiva. No segundo trimestre deste ano (abril, maio e junho), a taxa de desemprego situou-se em 6,9%, menor número desde 2014, dez anos atrás.

Nesse mesmo trimestre, a população trabalhando chegou a 101,8 milhões de pessoas, um recorde histórico. Embora o emprego informal ainda esteja alto, a quantidade de trabalhadores que passam a ter a carteira de trabalho assinada está aumentando, principalmente na indústria.

Quanto à renda do trabalhador, ela está subindo. A renda média mensal dos que estiveram empregados nesse período foi de R$ 3.214,00, aumento de 5,8% se comparado ao mesmo trimestre de 2023.

  • O país vem crescendo. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,0% em 2022, 2,9% em 2023 e projeta-se um crescimento de 2,5% em 2024, que pode se confirmar acima disso. Reconhecemos que, embora haja crescimento, ele ainda é muito baixo, muito aquém das necessidades do país, insuficiente para que se perceba a olhos vistos a melhoria real da vida das pessoas.  
  • A dívida externa é nula, o Brasil não tem dívida com o exterior. Ultimamente vendemos mais para fora do que compramos. O Brasil também não tem dívida com bancos ou países estrangeiros. Temos, sim, um expressivo volume de reservas internacionais, que atingiram, em 2023, US$ 355 bilhões, o que nos protege de crises externas. É bom lembrar, que essas confortáveis reservas foram constituídas durante os dois primeiros mandatos de governo do Presidente Lula.   

Todos esses pontos listados revelam que as coisas não estão tão ruins quanto nos querem convencer os noticiários da grande imprensa, liberal-conservadora. O que de fato importa – emprego, salário, crescimento e inflação baixa – está melhorando, conforme nos mostraram os números.

Mas ouvimos poucas notícias a respeito, parece que isso não importa, ou importa pouco, não faz muita diferença. O que se assiste, diariamente, são alardes em relação à flutuação do dólar e, principalmente, a respeito do déficit público, que ameaça a estabilidade da economia. Mentira. Há enormes interesses em jogo, tanto financeiros como políticos. Trata-se, no fundo, de poder.

* Técnico responsável pela subseção do Dieese no Sindnapi.