Ninguém duvida que os Estados Unidos tenham declarado guerra contra o Brasil. Estamos vivendo um confronto assimétrico, haja vista a diferença de forças entre os contendores, com nítida desvantagem para nosso país. Não se trata de uma guerra clássica, onde prevalece o confronto militar, não. É uma guerra que mexe com as estruturas políticas, econômicas, comerciais, financeiras e jurídicas. É a chamada ‘guerra híbrida’, sem, por enquanto, envolver a área militar.

A imposição de uma tarifa de importação de 50% sobre os produtos brasileiros vendidos nos Estados Unidos foi uma medida absurda e inédita nas relações comerciais internacionais, uma vez que os americanos levam vantagem no comércio com o Brasil, mas foi apenas a ponta do iceberg. Para voltar atrás, exigem que concedemos anistia incondicional a Bolsonaro e toda sua quadrilha envolvida no golpe de estado fracassado. Trata-se de uma intervenção desmedida e covarde nos assuntos internos e soberanos do país.

Os abusos contra nossa soberania não pararam por aí. Questionam o PIX, o comércio da rua 25 de março, nossa política ambiental e, pasmem, o programa ‘Mais Médicos’. Cercearam a liberdade financeira de alguns magistrados do STF e o direito de ir e vir dos mesmos, quando lhes retiraram os vistos, e por aí vai. Recusam-se a abrir negociações civilizada para discutir a situação, como é praxe nessas situações. Agem como potência imperialista como se o mundo ainda funcionasse nos moldes do século XIX.

Essa é uma parte da história, a outra é mais vergonhosa. O ativismo de um deputado federal em terras estrangeiras, conspirando contra seu próprio país e o apoio a essa atitude por parte considerável de deputados e senadores, que chegaram, em atitude inédita em nossa história, a tomar de assalto as duas casas do Congresso, apoiando essa desfaçatez, é algo odioso e que deve ser repudiado pela sociedade. Acresça-se a isso, a atitude impatriótica, baixa e medíocre de alguns governadores estaduais que, ao invés de se juntarem ao esforço do Executivo na solução do problema, criticam e jogam a favor do inimigo. Devem, todos eles, serem responsabilizados por isso, uma verdadeira traição à pátria.

Não se sabe, ao certo, o que o governo dos Estados Unidos pretende. Se a razão de tudo isso é a defesa do ex-presidente e seus acólitos ou apenas uma cortina de fumaça, pois a verdadeira questão seria o protagonismo do Governo Lula junto aos BRICS. Quando o Brasil propõe e pratica a multilateralidade nas relações internacionais, a substituição do dólar americano nas transações comerciais entre os países do BRICS e uma alternativa econômica e ambiental para o Sul Global em relação ao Norte, entre outras iniciativas, os Estados Unidos, uma potência em decadência, sentem que estão perdendo o governo sobre o que eles costumam chamar de ‘quintal’.

Diferente da Europa, que se verga às exigências norte-americanas, o governo brasileiro não renuncia à sua autoridade enquanto lidera um país soberano e independente. E não se trata de teimosia ou alguma questão ideológica como alguns afirmam, pelo contrário, de boa vontade, o governo sempre esteve disposto a negociar, desde que não nos imponham condições impossíveis, como a de aceitar pressões sobre nossa corte superior e desrespeitar a Constituição da República.

A luta seria mais fácil se a nação estivesse unida nessa defesa, mas não é o que ocorre. O país está dividido e parte dele, liderado por entreguistas e colaboracionistas, invertendo a lógica das coisas, chega até a pensar que o agressor não tem culpa e que a responsável pela crise é o governo brasileiro, pois deveria aceitar as condições impostas pela nação estrangeira.

Essa postura covarde encontra ressonância na grande imprensa quando, na defesa dos interesses de uma elite econômica e política, que não aceita programas de inclusão social e só olha para os próprios umbigos, não se cansa de criticar o poder executivo e o STF pela posição firme com que estão conduzindo a crise e defendendo o povo e a soberania nacional.

Por isso tudo e atendendo à convocação do Fórum das Centrais Sindicais e outras entidades que lutam pela autonomia e soberania do País, devemos, no próximo dia 7 de setembro, ocupar as ruas e praças em defesa da soberania do Brasil.

“QUEM MANDA NO BRASIL, É O POVO BRASILEIRO!”

SINDNAPI

Airton dos Santos

Economista