Apresentação do Dieese, em Seminário de Planejamento para 2024, apontou risco do aumento de ataques à Previdência Social e papel fundamental do sindicato para sua manutenção

Da Assessoria de Imprensa

As ações do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos – Sindnapi podem reverberar na vida de mais de 35 milhões de aposentados, pensionistas e suas famílias e influenciar no futuro das políticas públicas para os idosos, inclusive na sustentabilidade do Sistema Previdenciário. Essa foi a conclusão da Análise da Conjuntura realizada pelo supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) de SP, Fernando Lima, durante o Seminário de Planejamento Estratégico para 2024, que reúne os diretores do Sindnapi de todo o país.

Estamos passando por um processo histórico no país, de acordo com Lima, que reflete na população como um todo, “que é o aumento no número de idosos”. “E nos últimos anos tivemos tentativas de destruição da Previdência Social, com reformas que buscaram dificultar o acesso dos trabalhadores aos benefícios do órgão”, lembrou.

Lima fez um alerta de que “o debate sobre a necessidade de reformar a Previdência deve seguir pautado nas próximas décadas diante dos dados de envelhecimento da população e das dificuldades de financiamento da Previdência Social em cenário de crise econômica e desestruturação do mercado de trabalho”.

Presidente do Sindnapi, Milton Cavalo lembra que as ações para promover uma nova reforma da Previdência Social, em prejuízo do trabalhador e do aposentado, já estão em andamento. “Permanentemente vemos nos meios de comunicação do país economistas ligados ao capital falando sobre as dificuldades no crescimento econômico nacional fazendo uma relação com o déficit da Previdência. Uma relação que não é real”, alerta.

O dirigente defende a posição do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, que afirmou ser necessária a revisão da reforma promovida no sistema durante o governo Michel Temer. “As mudanças produziram prejuízos aos aposentados e precisam ser revistas, e não realizar nova reforma”, afirma o presidente Milton Cavalo.

78% das empresas são etaristas

Outro fator de alerta, segundo Lima, são as pesquisas que apontam um elevado número de empresas que se consideram etaristas. Palavra em voga nos últimos tempos, o etarismo é o preconceito contra pessoas com base na sua idade.

“A consultoria Ernst & Young, em parceria com a Maturi, agência de treinamento profissional, mostrou que 78% das 191 empresas de 13 setores consultadas admitiram não ter política para evitar a discriminação por idade em seus processos eletivos. O mesmo aconteceu com o levantamento realizado pela consultoria Robert Half, juntamente com a startup Labora, que identificou que 70% das 258 empresas pesquisadas contrataram muito pouco ou nenhum profissional com mais de 50 anos nos últimos dois anos”, destaca Fernando.

Diante desse quadro, o especialista do Dieese entende que é preciso pensar cada vez mais além da questão previdenciária. “Vamos ver o aumento de idosos no mercado de trabalho e a tendência é termos o que já está sendo chamado de ‘gerentariado’, que a união das palavras gerontologia com precarizado, ou seja, idosos que não terão seus direitos trabalhistas respeitados, com salários reduzidos. É preciso lutar por políticas efetivas de incorporação do idoso no mercado de trabalho”, defende ele.

O Seminário de Planejamento Estratégico de 2024 do Sindnapi irá até esta quinta-feira (14) na Colônia de Férias da entidade em Mongaguá, no litoral paulista.